Serenata da Neblina


Toca.
A serenata da neblina.
Enquanto a luz de holofote tímida.
Teima em rasgar o branco e cinza...

Mais uma noite fria
na mais fria das idades
no meio da cidade que me acolhe com seus braços
de um carinho sepulcral

De uma janela qualquer de Curitiba
estou te vendo viajar pelo concreto
a ornamentar meu cobertor de devaneio
já foi embora um abril ou maio
e meu junho inicia com geada no colchão.

Mas quase sempre te quero
e quase sempre uma lágrima se enconde
nos escombros do que pensei
serem mistérios.

Hora.
De fechar minha janela.
Porque eu sei que o outro corpo dela
está bem longe de qualquer coisa que eu veja.

E eu me pego divagando alterado
acorrentado no veneno que me mata devagar
e ainda sigo em desepero, putrefato
mais que isso, vou calado....

como quem desprendeu falar!

Comments

Anonymous said…
Primeiro o título: lindo, doce, genial. Adorei.

O interessante do que vc escreve é que quase sempre se torna muito concreto: eu leio, sinto e posso quase ver a minha frente toda a cena que se passa.

Muito bom, parabéns.

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